Na volta para casa, o silêncio entre eles não era incômodo. Era quase necessário. Um tipo de trégua que surge quando se toca em algo sagrado — ou profundamente frágil.

Lucas mantinha as mãos firmes no volante, os olhos na estrada sinuosa à frente, enquanto Evelyn observava as árvores passarem como sombras apressadas. A imagem do mirante ainda dançava em sua mente. A memória de Benjamin parecia diferente agora — não apagada, mas mais humana. Mais falível. Mais próxima.

Ela girava a pequena fotografia nos dedos, aquela que Lucas mostrara no topo da trilha. Não sabia ao certo por que ele a dera, mas sentia que carregá-la agora era como aceitar uma parte da verdade que ainda não conhecia por inteiro.

Quando chegaram à casa, o céu já começava a se tingir de tons dourados e cor de ferrugem. O cheiro de terra molhada indicava que a chuva não tardaria. Evelyn retirou o casaco e pendurou-o na entrada, hesitando por um segundo.

— Você parece cansada — Lucas comentou, caminhando até a cozinha e