O domingo amanheceu silencioso. Uma bruma leve cobria as colinas de Asheville como se o mundo estivesse hesitando entre o ontem e o hoje — e talvez fosse exatamente assim que Evelyn se sentia.
Ela abriu os olhos devagar, ainda envolta na penumbra do quarto de hóspedes. O cheiro de café fresco invadia o corredor, misturado com o som distante de páginas sendo folheadas. Lucas.
Nos últimos dias, os dois se moveram com cuidado um ao redor do outro. Como dois sobreviventes que sabiam demais sobre perda e pouco sobre o que viria depois. Não dormiram juntos novamente, mas a intimidade já não era apenas física — estava nas pausas entre frases, nos olhares que ficavam tempo demais, nas perguntas que ainda não sabiam como fazer.
Evelyn desceu as escadas e o encontrou na cozinha, de pé, apoiado no balcão com uma xícara entre as mãos. A barba por fazer, a camiseta velha, a expressão distraída. Era assim que ela o lembrava — não de fotos ou momentos marcantes, mas das entrelinhas da vida, aquelas