O cheiro de café fresco pairava no ar quando Evelyn desceu as escadas na manhã seguinte. Os passos descalços tocaram a madeira gasta com leveza, como se pisassem em um novo terreno — familiar, mas ainda delicado. Tinha dormido melhor do que esperava, mesmo em meio às revelações, à dor latente e ao turbilhão de sentimentos que Lucas despertava simplesmente por existir ali, tão perto.
Ela havia passado no hotel antes do café da manhã, com uma calma estranha para quem carregava tanto por dentro. Pegou a pequena mala que deixara no canto do quarto, junto com o casaco azul de lã e o envelope com o bilhete que Benjamin escrevera para ela no hospital. A funcionária da recepção não fez perguntas — apenas sorriu, como se intuísse que Evelyn estava voltando de algum lugar do qual jamais deveria ter saído.
Agora, sentada à mesa da cozinha com a caneca nas mãos, ela olhava para Lucas com mais nitidez. Havia menos névoa entre eles.
— Trouxe minhas coisas do hotel — disse, quase casual, mas com uma