Depois do primeiro beijo

O beijo, que começou tímido, ganhou profundidade como se tivesse vida própria. Marina sentiu o corpo inteiro reagir no exato momento em que a boca dele encontrou a sua com firmeza crescente — um arrepio subiu por sua coluna, quente, vertiginoso, como se cada nervo tivesse despertado ao mesmo tempo.

Quando as línguas deles se tocaram, delicadas no início, depois mais ousadas, um gemido suave escapou de ambos, abafado entre seus lábios. Era como se o ar tivesse ficado pesado, carregado de algo que eles vinham tentando negar por tempo demais. O peito de Marina apertou, não de angústia — mas de uma alegria desesperada, uma fome que misturava emoção e desejo numa intensidade que ela nunca havia conhecido.

O perfume de Kaito — limpo, quente, com um toque de algo amadeirado — envolveu seus sentidos. Ela sentiu o calor da respiração dele em seu rosto, sentiu o coração dele batendo acelerado quando seus peitos se tocaram. As mãos de Kaito apertaram sua cintura com cuidado, mas com um tremor contido que traía o quanto ele também estava perdido naquele instante.

Cada movimento do beijo parecia um pedido silencioso, uma confissão, uma entrega.

Marina segurou a camisa dele com força, sentindo os dedos trêmulos, como se temesse que o momento escapasse. Kaito inclinou o rosto, aprofundando ainda mais o beijo, e ela sentiu as pernas quase cederem — um calor doce se espalhava por seu estômago, subindo pelo peito, tomando seus pensamentos, sua respiração, tudo.

Depois de longos minutos, o beijo se rompeu apenas pelo inevitável: a necessidade de ar. Eles se separaram devagar, quase relutantes, respirando com dificuldade, os lábios ainda sensíveis, ainda procurando.

Mas suas testas permaneceram coladas.

As respirações aceleradas ainda se chocavam entre si quando Kaito abriu os olhos. Marina manteve os dela fechados por um segundo a mais, tentando segurar a sensação do beijo — o gosto dele ainda presente, o calor ainda percorrendo sua pele.

Quando finalmente ergueu o olhar, encontrou Kaito a observando como se estivesse vendo algo frágil, precioso e ao mesmo tempo impossível de resistir.

— Marina… — Ele sussurrou seu nome como se temesse que qualquer som mais alto quebrasse o encanto daquele momento.

Ela sentiu o estômago se apertar, uma mistura de nervosismo e desejo. Não sabia o que dizer. Não sabia o que acontecer a seguir. Sabia apenas que nada parecia igual.

Kaito levou uma das mãos ao rosto dela, o polegar roçando de leve seu lábio inferior — ainda quente, ainda tremendo. O toque suave fez seu coração tropeçar.

— Eu esperei tanto por isso… — ele confessou, com a voz rouca de emoção. — Muito mais do que deveria.

Marina engoliu em seco, sentindo o peso e a doçura daquela frase.

— Kaito…

Ele não a deixou continuar. Aproximou ainda mais a testa da dela, como se quisesse impedir que ela se afastasse do que sentia.

— Você não faz ideia do quanto eu queria te beijar todas as vezes que você sorria… — disse ele, baixinho. — Ou do quanto eu precisava me controlar pra não te puxar pra perto quando você fugia do meu olhar.

O peito dela doeu. Um calor tomou sua garganta, e Marina sentiu os olhos marejarem outra vez — mas agora não era só tristeza. Era alívio, era medo, era intensidade.

— Eu… eu tinha tanto medo disso — confessou ela, a voz falhando. — Medo de sentir algo que eu não sabia se você sentia também. Medo de me machucar e de te machucar.

Kaito segurou o rosto dela com mais firmeza — não para prendê-la, mas para ancorá-la.

— Olha pra mim. — Sua voz era baixa, intensa.

Marina obedeceu, respirando fundo.

— Eu não quero que você tenha medo do que sente — continuou ele. — Porque eu vou estar aqui. Com você. No seu ritmo. Do seu jeito.

Ela piscou, e uma lágrima escorreu. Kaito a enxugou com o polegar.

— Eu não vou a lugar nenhum — prometeu ele — a menos que você me peça.

O silêncio que veio depois não era mais incômodo — era carregado, pulsante, cheio de algo novo que nascia entre eles.

Marina levantou a mão e tocou o peito dele. O coração de Kaito batia rápido, tão rápido quanto o seu. Aquilo a surpreendeu e acalmou.

— Eu não quero que você vá — ela admitiu, num sussurro quase tímido. — Só não sei como lidar com tudo isso.

Kaito sorriu. Um sorriso suave, vulnerável.

— A gente aprende junto.

Marina sentiu o ar escapar dos lábios — um suspiro leve, rendido.

E foi Kaito quem se inclinou primeiro, tocando de leve a ponta do nariz no dela antes de deixar um beijo curto, suave, nos lábios que ele ainda parecia saborear.

Dessa vez, o beijo não veio com urgência.

Veio com ternura.

Com promessa.

Quando se afastou apenas alguns centímetros, Kaito encostou a testa na dela novamente e sussurrou:

— Me deixa ficar com você essa noite.

Não como algo físico, mas como quem não quer sair do seu lado.

Marina sentiu o mundo inteiro ficar em silêncio.

— Ficar… como? — perguntou ela, num fio de voz.

Kaito sorriu pequeno.

— Do jeito que você se sentir segura. Ao seu lado. Só isso.

Marina respirou fundo. As borboletas no estômago se transformaram em algo quente, acolhedor.

Ela assentiu devagar.

Kaito sorriu como se tivesse acabado de receber o maior presente da vida dele.

— Então fico — disse ele, baixinho.

E ficou.

O silêncio entre eles permaneceu por alguns instantes, mas não era mais um silêncio tenso. Era suave, envolvente como se as batidas de seus corações falassem por eles.

Kaito afastou o rosto apenas o suficiente para olhar Marina com mais clareza. O sorriso dele era tranquilo, mas ainda havia um brilho apaixonado nos olhos, algo que denunciava a lembrança quente do beijo que acabara de acontecer.

— Está tudo bem? — ele perguntou baixinho.

Marina assentiu, respirando fundo.

— Sim… eu só… — ela riu de leve, um riso tímido, quase nervoso. — Eu não esperava nada disso hoje.

— Nem eu — Kaito admitiu, passando a mão nos cabelos de forma desajeitada. — Mas ainda bem que aconteceu.

O rubor subiu no rosto dela.

Ele percebeu — e sorriu.

Kaito então deu uma olhada rápida ao redor do pequeno kitnet.

Era simples, aconchegante, com alguns livros empilhados, um cobertor dobrado no sofá e o aroma suave de lavanda no ar. Ele respirou fundo e um leve som escapou da barriga dele.

Marina arregalou um pouco os olhos.

— Você está com fome?

Kaito riu, envergonhado.

— Eu… talvez um pouco. — Ele levou a mão ao estômago. — Eu vim direto do trabalho e acho que esqueci de jantar.

Ela balançou a cabeça, meio divertida, meio tocada.

— Kaito… — Suspira, sorrindo. — Você sempre esquece de comer.

— Só quando o dia é muito cheio — disse ele, dando um passo mais próximo dela. — E hoje, principalmente, eu estava focado em outra coisa.

O olhar deles se prendeu por um segundo longo demais, e Marina sentiu o coração dar um pequeno salto dentro do peito. Ela desviou o olhar, respirando fundo.

— Eu tenho algumas coisas simples — disse ela. — Talvez, noodles, arroz, ovos… Não é nada muito elaborado.

— Se tiver água quente e dois hashis, eu sobrevivo — brincou ele.

Ela riu, finalmente relaxando um pouco.

Marina foi até a cozinha minúscula, e Kaito a acompanhou, parando ao lado da bancada.

O espaço era tão pequeno que, mesmo sem querer, os braços deles se roçaram quando ela abriu o armário. O toque foi leve, mas acendeu outro arrepio nela.

E nele também — ela viu o jeito como ele prendeu a respiração por um instante.

— Aqui — disse Marina, pegando um pacote de ramen. — Não é jantar de restaurante, mas…

— É perfeito — interrompeu ele, pegando o pacote das mãos dela com delicadeza, como se qualquer contato fosse uma desculpa para tocá-la novamente. — Se foi você que preparou já é o melhor ramen do mundo.

Marina revirou os olhos, mas não conteve um sorriso.

Enquanto a água esquentava, Kaito ficou observando cada pequeno gesto dela — o jeito como prendia o cabelo atrás da orelha, como mordia o lábio pensando nos temperos, como mexia a colher distraidamente. Era como se tudo nela fosse novo, precioso, irresistível.

— Posso ajudar? — ele perguntou.

— Pode — respondeu ela, tentando parecer natural. — Pega dois bowls pra mim.

— Sim, senhora — disse ele, brincando, abrindo o armário com facilidade.

Quando ele entregou os bowls, seus dedos encostaram nos dela — de propósito.

Marina sentiu o toque como um choque quente, e Kaito sorriu daquele jeito suave que dizia eu senti também.

A água ferveu. Marina serviu o ramen, colocou um pouco de ovo, cebolinha e um toque de gengibre. Entregou um bowl a ele.

— Vamos comer no sofá? — ela sugeriu.

— Eu topo qualquer coisa que envolva ficar perto de você — respondeu Kaito, sem vergonha nenhuma.

Ela desviou o olhar, sorrindo sozinha.

Os dois se sentaram no sofá estreito, tão perto que as pernas se tocavam.

A televisão estava desligada.

A luz fraca do abajur deixava o ambiente mais íntimo.

Kaito soprou o ramen, provou e fez uma expressão exageradamente satisfeita.

— Perfeito. — Ele levou outra colherada. — Você cozinha bem demais. Perigoso isso.

— Perigoso? — Marina riu.

— Perigoso pra mim — respondeu ele. — Porque cada coisa em você me faz querer ficar.

Marina segurou a colher no ar, o coração acelerando como se tivesse esquecido como bater.

Mas quando olhou para Kaito ele estava sério.

Sincero.

Ela abaixou os olhos, sentindo o rosto esquentar.

— Kaito… — Ela sorriu tímida. — Você… fala cada coisa.

— Só verdades — disse ele, aproximando o rosto devagar.

O ar entre eles pareceu ficar quente de novo.

A intimidade silenciosa.

O ramen fumegante nas mãos.

O toque das pernas.

Os olhos dele fixos nos dela.

— Depois que a gente comer… — ele murmurou, com um sorriso pequeno, quase cúmplice — posso te dar outro beijo?

O coração dela pareceu tropeçar.

— Pode — Marina respondeu, baixinho. — Se você ainda quiser.

Kaito riu suave, inclinando o corpo e aproximando os lábios da orelha dela.

— Marina… — ele murmurou, com a voz baixa e quente. — Eu nunca quis tanto uma coisa na minha vida.

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