Eu não sei com que cara vou sair deste escritório, atravessar aquela recepção inteira e entrar no dele. É constrangedor só de pensar. A única coisa que me separa agora é aquela parede de vidro com uma persiana ridiculamente fina, que não esconde nada, transformando isso numa espécie de provação pública. Eu consigo ver cada movimento dele lá dentro. E, pior ainda, imagino a cena de ficar bem em frente à sua mesa, tentando encarar seus olhos e esperar que ele diga alguma coisa. Qualquer coisa.

E eu o irritei. Eu sei que o irritei. Mas não foi de propósito. Nunca foi. Eu só queria fazer o meu trabalho certo, aprender, não depender de ninguém, mostrar que sou capaz. Eu não queria ser um estorvo. Não queria arruinar isso. Nem o emprego, nem a pequena conexão que a gente estava criando — algo frágil, mas importante para mim.

Agora, o Sr. Omar parece uma bomba prestes a explodir. Ele ficou o tempo todo desde a briga focado no tablet, com aquele jeito contido, quase meticuloso demais — como s