Maria Júlia
Sair da clínica sempre era um alívio. O cheiro de álcool e os corredores brancos me sufocavam. Cada canto daquele lugar me lembrava de dor, esforço e da luta constante para recuperar o que Ronaldo me tirou.
Mariana caminhava ao meu lado, distraída com o celular, enquanto eu empurrava as rodas da minha cadeira com calma, aproveitando o vento gelado da Suíça contra o meu rosto. Ainda não estava acostumada com aquele frio, mas ao menos ele me mantinha desperta, me lembrando de que eu ainda estava viva, ainda tinha uma chance.
Atravessávamos a saída da clínica quando, de repente, Mariana trombou em alguém.
— Ah! Desculpa! — ela exclamou, dando um passo para trás.
Levantei os olhos e vi um homem alto, de pele clara e cabelos castanhos bem alinhados. Ele usava um sobretudo escuro e um cachecol elegante, bem no estilo dos europeus. Seus olhos azuis faiscavam sob a luz do fim de tarde, e ele exibia um sorriso discreto, como se es