A reunião tinha terminado. As formalidades cumpridas, os sorrisos ensaiados entregues. A fachada estava intacta, mas eu conseguia sentir a exaustão sob a pele — não só minha, mas a dele também.
Voltamos para o quarto em silêncio, e assim que a porta se fechou atrás de nós, Matheus largou a mochila no sofá com força e foi direto para a varanda. Fiquei observando da porta do quarto por alguns instantes, sem saber se devia segui-lo ou dar espaço. O céu estava escurecendo lá fora, o mar tingido por tons de laranja e cinza. Ele se apoiou no parapeito, os ombros tensos.
Peguei duas garrafas de água no frigobar e fui até ele.
— Quer uma?
Ele aceitou sem dizer nada, bebendo como se estivesse tentando lavar algo por dentro. Depois me olhou. E havia alguma coisa ali — algo que não era dor nem raiva exatamente. Era... cansaço. Um tipo de cansaço que parecia maior que o corpo dele.
— Eu odeio essa cidade — ele disse de repente, com a voz baixa. — Odeio essa porra toda — me assustei, apesar de não