Capítulo Quarenta e Oito

O som da chaleira apitou. Tirei do fogo antes que queimasse, mas deixei a água ali mesmo, esquecida. Matheus estava no quarto desde que acordou, andando de um lado para o outro. A cada passo, o ranger do piso de madeira parecia traduzir o que ele não dizia: angústia, raiva, medo.

O interfone tocou. O aviso soou calmo demais para a tempestade que se aproximava.

— Dona Julia, o Sr. Alcântara está subindo.

Engoli seco.

Matheus saiu do quarto pouco depois, pálido, mas com o queixo erguido. Vestia uma camisa preta, desbotada nas pontas da gola, e os olhos tinham a expressão de quem travava uma guerra interna há dias.

— Ele tá vindo, né? — perguntou, sem me encarar.

— Sim.

— Você pode ficar?

— Claro.

Ele passou as mãos nos cabelos e respirou fundo, como se precisasse colocar uma armadura invisível.

A campainha tocou.

Abri a porta e o pai de Matheus entrou com a imponência de quem nunca aprendeu a pedir licença. O terno cinza-escuro era perfeitamente alinhado ao corpo magro. O cheiro dele er
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