Dois dias depois, Raquel finalmente chegou à cidade. O céu estava encoberto por nuvens densas, e o ar úmido trazia o cheiro de terra molhada e folhas verdes. Exausta da longa viagem de ônibus, ela desceu com passos lentos, sentindo o peso da mochila nas costas e o estômago vazio, alimentado apenas por pão amanhecido, água morna e algumas frutas vermelhas que havia comprado de um vendedor ambulante na estrada.
A cidade era estranha aos seus olhos — ruas longas e silenciosas, ladeadas por árvores altas que balançavam suavemente com o vento. As casas tinham fachadas de vidro reluzente, refletindo o céu nublado como espelhos distorcidos, e janelas entreabertas deixavam escapar aromas de café fresco, incenso e flores. O som dos passos de Raquel ecoava discretamente no calçamento úmido, como se a cidade estivesse observando sua chegada em silêncio.
Sem conhecer o lugar direito, Raquel decidiu pedir ajuda. Avistou uma mulher de aparência gentil, sentada em um banco de madeira, sob a cobertur