— Não. — disse Raquel, com os olhos fixos em Vitor, que se aproximava com passos lentos e contidos. — Não pode ser. Como assim?
Seu corpo enrijeceu, como se o tempo tivesse congelado ao redor. O som ambiente desapareceu, e tudo o que restava era o eco do próprio coração batendo forte no peito. A luz suave da manhã atravessava a janela, iluminando o rosto de Vitor aos poucos — revelando traços que ela conhecia bem, mas que jamais esperava reencontrar ali, naquele momento.
Ele estava mais maduro, os olhos ainda carregavam aquele brilho inquieto, mas agora havia algo diferente — uma arrependimento contido, que parecia ter se acumulado por anos. Raquel sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Aquele rosto, aquele andar, era impossível esquecer.
Agatha olhou para Raquel com um pequeno sorriso doce nos lábios, como quem guarda um segredo há muito tempo e finalmente pode revelá-lo.
— Raquel... parece loucura. — começou ela, com a voz baixa, quase como se temesse quebrar o desespero do moment