Mundo ficciónIniciar sesiónLucy ligou para Verônica, o coração disparado, sem saber como começar a conversa.
— Eu vou embora — disse, antes mesmo de Verônica dizer “alô”.— Calma, o que aconteceu? — Verônica perguntou, ajeitando-se na cama, ainda sonolenta.
— Vou embora amanhã! — Lucy repetiu, como se precisasse convencer a si mesma. — Minha avó deixou no testamento que eu devo morar em Cameron pra receber a herança.
— E você vai? — Verônica perguntou, incrédula.
— Como vou sustentar a casa se não for? — disse Lucy, a voz tremendo.
— Mas tão rápido? — Verônica parecia chocada. — Você nem conhece essa cidade!
— É complicado, mas tenho que estar lá na segunda-feira — explicou Lucy, sentindo o peso da decisão.
— Vou aí agora — disse Verônica, decidida.
— Não tava na praia? — Lucy perguntou, confusa.
— Meu pai teve uma emergência de madrugada. Tô em casa. — Verônica desligou, e uma hora depois, estava na porta de Lucy, o cabelo preso em um coque bagunçado e óculos escuros cobrindo os olhos.
— O que tá acontecendo? Vocês tão enlouquecendo? — perguntou Verônica, entrando na sala.
— Minha avó quer que eu more em Cameron — disse Lucy, sentando-se no sofá. — Acho que é onde meu pai nasceu. Talvez ela quisesse que eu tivesse um pedaço dele comigo.
— Morar com um monte de caipiras? — Verônica fez uma careta. — Sério, Lucy, meu tio é advogado. Ele pode tentar liberar o dinheiro sem você ir pra esse fim de mundo.
— Acho que preciso ir — disse Lucy, tocando o colar. — Quero entender minha história. E a herança... é uma pequena fortuna. Posso fazer muita coisa com isso.
— Mas assim, do nada? — Verônica cruzou os braços, chateada. — Não quero que você vá.
Lucy suspirou, sentindo as lágrimas subirem.
— Também não quero, mas preciso. — Ela olhou para Verônica, os olhos marejados. — Você vai ser a mesma de sempre, forte e determinada.— Eu sou uma vaca! — Verônica riu, enxugando uma lágrima. — Uma vaca forte e determinada, que não se detém nem por uma aliança no dedo.
— Verdade! — Lucy riu, apesar da tristeza. — Então cuidado, ou vai acabar pegando o marido da professora Cindy.
— Ele é tudo de bom! — Verônica piscou, mas logo ficou séria. — Quem vai cuidar de você lá?
— Minha casa tem quartos vazios — disse Verônica, tentando uma última vez.
— Não posso, V. — Lucy balançou a cabeça. — Mas, sério, não faça nenhuma loucura sem mim pra te dar um pouco de juízo.
— Sem meu grilo falante, sou um ser perdido — disse Verônica, rindo, mas com lágrimas nos olhos.
Verônica teve a ideia de organizar uma festa de despedida para Lucy, reunindo os amigos da escola. A casa de Verônica estava cheia, com música alta e luzes coloridas piscando. Lucy se sentia deslocada, o colar pesando em seu pescoço, como se a lembrasse do que estava por vir.
— Oi, Lucy! — Um garoto ruivo, tímido, aproximou-se. — Queria que soubesse que nunca vou te esquecer.
Lucy sorriu, sem saber o que dizer, e o abraçou.
— Obrigada, Tom.— Ei! — Alice, uma garota da escola, puxou-a, já meio bêbada. — Nova escola, novos gatos, hein? — Ela começou a chorar, abraçando Lucy. — Não fique assim — disse Lucy, tentando confortá-la. — Eu vou voltar.
— O que vai ser da doida sem você? — Alice apontou para Verônica, que dançava com uma minissaia, provocando um garoto.
— Conto com você pra cuidar dela — disse Lucy, rindo, mas com o coração apertado.
— Os pais dela só a aguentam por sua causa — disse Alice, séria. — Achavam que você ia salvá-la.
— Ela é incrível, só precisa de alguém por perto — murmurou Lucy, imaginando como seria levar Verônica para Cameron.
A festa continuou, mas cada abraço fazia Lucy sentir o peso da partida. E se tudo der errado? E se eu não fizer amigos? Tudo era tão rápido, tão assustador. Quando a noite terminou, ela voltou para casa, exausta, o colar ainda quente contra sua pele.
No dia seguinte, Lucy arrumou as malas, o coração dividido entre medo e esperança. Mary, em silêncio, também preparou suas coisas, como se aceitasse, relutantemente, que não podia impedir a filha. A mãe de Verônica prometeu cuidar da casa até que voltassem. No aeroporto, Lucy desceu do avião com um friozinho no estômago, o colar pulsando levemente. Ela olhou para Mary, que evitava seu olhar, e sentiu que sua vida estava prestes a mudar.
ela não fazia ideia do quanto







