Aviso de Conteúdo
Este livro contém cenas de violência, assédio, linguagem forte e situações que podem ser sensíveis ou perturbadoras para alguns leitores.
A leitura é recomendada apenas para maiores de 18 anos.
Se em algum momento você sentir desconforto, considere pausar a leitura.
Cuide do seu bem-estar em primeiro lugar.
Melinda — 25 anos, influenciadora digital
— Nossa, estou atrasada para a live… merda — digo enquanto preparo tudo. — Vamos lá.
Terminei a live, gravei vídeos para postar, e depois fui fazer minha higiene matinal. Tomei um café reforçado e me arrumei para a academia. Minha rotina é corrida.
No caminho, dentro do elevador do prédio, várias notificações começaram a chegar no meu celular, até que uma delas me fez travar: uma transferência de 14 mil reais.
Pela compra não de algumas peças… mas de todas.
Abri para ver quem era o “abençoado”.
@Pablo_fechadão
— Meu Deus, quem é esse louco? — pensei, chocada.
Mas deixei para lá. Tinha uma publi marcada para uma hora da tarde, então continuei meu dia.
Quando cheguei em casa para me arrumar, recebi uma mensagem no direct.
📱 Mensagem
Xxx: Quero meu dia, novinha.
Melinda: Tudo bem, moço. Eu já vi a transferência. Você pode entrar em contato com meu assessor para acertar o encontro comigo.
Xxx: Encontro? Hahaha. Que encontro? Te achei mó gata. Eu quero uma noite contigo.
Melinda: Não sei se você assistiu à live, mas a proposta é somente um dia de fã, não esse tipo de relação. Não existe isso com pessoas desconhecidas.
Xxx: Pago a quantia que for!
Melinda: Por acaso na minha cara tá escrito garota de programa? 😡 Vou estornar todo o valor que você pagou e cancelar o envio da mercadoria.
Xxx: Espera, novinha! Desculpa aí qualquer coisa… eu aceito passar o dia contigo, falou.
Melinda: Mas eu não quero mais. Amanhã todo o seu dinheiro vai estar na sua conta.
Xxx: Qual foi, mulher? Tô falando na moral contigo e tu cheia de marra. Eu tava tentando conversar sério, mas agora o bagulho vai ficar é louco pra cima de ti.
Melinda: Já estou acionando a polícia 😌 e você está bloqueado.
Xxx: 🤬🔫
— Meu Deus… todo dia é um emocionado diferente — murmurei, suspirando.
Chamei meu assessor e pedi para estornar o dinheiro imediatamente.
— Quem era o louco? — perguntou Mila, minha melhor amiga.
— Um tal de Pablo Fechadão — respondi rindo.
— Nome de traficante, amiga! — ela disse, séria.
— Deixa de ser louca. Deve ser um nerd virgem por aí — falei, olhando minhas curtidas.
— Ou um traficante… — ela insistiu.
— Pode parar com isso, Mila — falei, um pouco nervosa.
— Não sei não… tu devia denunciar.
— Eu denuncio sempre, mas eles cagam pra nós, mulheres — respondi, revirando os olhos.
— Nessa parte tu tá certa — concordou.
Passamos o dia conversando e gravando vídeos. Quando fui embora:
— Amiga, se cuida — ela disse.
No estacionamento, enquanto procurava minhas chaves dentro da bolsa, senti algo gelado na minha costela.
— Se der um grito aqui, morre — a voz masculina me congelou.
Fiquei paralisada.
— Por favor… pega aqui — falei entregando minha bolsa, mas ele a jogou no chão.
— O chefe não quer sua bolsa. Entra no carro. Agora — ele disse, olhando para meu carro.
— Por favor… por favor… — eu chorava, tremendo.
— Entra agora na porra desse carro! — ele rosna, encostando a arma na minha cabeça.
Entrei. Colocaram um saco na minha cabeça. Eu tremia sem conseguir respirar direito.
Depois de alguns minutos, o carro parou. Fui arrastada para fora, jogada no chão. Tiraram o saco e eu levantei a cabeça, tentando entender onde estava.
Um homem fumava sentado numa cadeira, me observando.
Ele levantou, veio até mim, se abaixou e segurou meu rosto. Eu tremia sem conseguir parar.
— Tu é mais linda pessoalmente — ele disse, levantando.
— Quem é você? O que você quer de mim? — perguntei, chorando.
— O que eu queria tu não me deu — ele disse com um tom ameaçador.
Arregalei os olhos.
— É você…? — perguntei, a voz falhando.
Ele riu.
— Melinda, Melinda… teu maior erro foi me tratar daquele jeito. E ainda chamou a polícia. Isso eu não perdoo. Tentei falar de boa contigo, mas tu quis pagar de cu no bagulho — disse, fechando a porta atrás de si.
— Por favor, me solta! Eu pago o que for! — implorei.
Ele voltou, segurando meu queixo com força.
— Tá se achando, né? A riquinha das redes sociais — falou, me obrigando a olhar dentro dos olhos dele.
— Seu escroto de merda! — gritei, sem pensar. Eu estava desesperada.
Um soco estalou no meu rosto. Fiquei desnorteada.
Ele me agarrou pelo pescoço, me apertando até quase perder a consciência. Depois me soltou.
— Tá vendo? Fez eu perder a porra da paciência. Não me provoca, garota — disse antes de sair.
Meu nariz sangrava. Meu corpo inteiro doía.
— Isso é um pesadelo… meu Deus… — chorei baixinho, deitada no chão gelado.