O sol da manhã entrava pelas janelas do Café Murano, espalhando um brilho suave sobre as mesas recém-arrumadas. O reflexo dourado iluminava o piso de madeira encerado, fazendo cintilar pequenas partículas de poeira suspensas no ar, como se fossem fios de luz dançando no espaço. O aroma de café fresco já tomava o ambiente, misturado ao cheiro adocicado de bolos recém-saídos do forno.
Cecília chegou mais cedo do que de costume, os passos ecoando discretos pelo salão quase vazio. O coração ainda acelerava pela tensão do dia anterior, como se a lembrança tivesse ficado colada à pele. Cada movimento — ajeitar uma cadeira, alinhar uma toalha, arrumar os guardanapos — parecia carregar um peso maior do que realmente tinha.
Ela respirou fundo, tentando se acalmar. O café, naquele horário, estava quase deserto, exceto pelo gerente, que caminhava entre as mesas conferindo detalhes. Ele a observava com um semblante sério, mas sem pressa, como se estudasse cada gesto dela antes de tomar uma decisã