O sol da manhã atravessava as janelas altas do hospital, tingindo de dourado o corredor antes tão frio. Enrico permanecia sentado na mesma cadeira da noite anterior, as mãos entrelaçadas, o olhar fixo no chão. O cansaço pesava, mas o medo era o que o mantinha acordado.
Foi então que o som de passos leves o fez levantar os olhos. O médico se aproximava com um semblante calmo, acompanhado de Júlia.
— Senhor Enrico — começou o médico, parando diante dele. — Cecília pediu para vê-lo.
Por um instante, ele achou que tinha ouvido errado. O coração bateu forte demais, quase dolorido.
— Ela... pediu pra me ver? — repetiu, a voz embargada.
O médico assentiu com um leve sorriso. Júlia, ao lado, respirou fundo e abriu um pequeno sorriso.
— Vai com calma, tá? — disse, tocando o braço dele de leve. — Ela ainda está muito abalada.
Enrico apenas acenou, incapaz de responder.
Enquanto caminhavam pelo corredor, o médico seguia ao lado, a voz firme, porém compassiva.
— Cecília ainda não disse uma palavr