Os dias seguintes se arrastaram em um ritmo lento, medido pelo som dos passos no corredor e pelas visitas controladas da equipe médica.
Cecília começava, pouco a pouco, a recuperar as cores do rosto — ainda pálida, mas já um pouco mais firme. O olhar, antes perdido, aos poucos voltava a se fixar nas pessoas e nas coisas ao redor.
Ainda assim, o silêncio sobre o que havia acontecido pairava como uma sombra. Ela falava pouco, sempre em voz baixa. Mas nunca sobre o ataque.
Enrico chegou a tentar, em alguns momentos, tocar no assunto — com cuidado, escolhendo as palavras e observando cada reação dela.
Mas bastava uma mudança no olhar de Cecília, o leve enrijecer dos ombros ou a forma como desviava o rosto, para que ele recuasse. Havia um limite tênue entre querer entender e respeitar o tempo dela, e ele temia cruzá-lo.
Ver aquela barreira silenciosa entre os dois o deixava inquieto. Parte dele queria insistir, arrancar dela qualquer fragmento de verdade que o ajudasse a compreender o que