O fim do dia chegou mais rápido do que Cecília esperava. O apartamento estava tomado por uma leve bagunça típica de quem se arruma com cuidado e pressa ao mesmo tempo: sapatos espalhados perto do sofá, maquiagem aberta sobre a bancada da cozinha, e o vestido escolhido pendurado na porta do quarto, à espera do toque final. Enrico estacionou o carro em frente ao prédio e subiu até o apartamento dela.
Ao entrar, encontrou Cecília no corredor, ajustando o vestido, descalça, com os cabelos parcialmente presos e um brinco em uma das mãos. Um riso nervoso escapou dela ao vê-lo.
— Eu sei, estou atrasada — disse antes que ele falasse qualquer coisa. — Só preciso de mais alguns minutos.
Enrico encostou no batente da porta, observando cada gesto dela. Ele notava a inquietação de Cecília, a maneira como tentava colocar o brinco com os dedos ligeiramente trêmulos, o olhar que ora se fixava nele, ora desviava. Cada detalhe denunciava o nervosismo que ela tentava esconder.
Ele se aproximou devagar,