O retorno para casa parecia um sonho distante. Ou um pesadelo do qual ainda não tinham acordado completamente.
Cecília estava exausta, a pele pálida, os olhos vermelhos. Ainda assim, segurava Aurora com o mesmo cuidado de sempre, como se o simples toque da filha fosse o que a mantinha de pé.
Eles deixaram o hospital depois que ela prestou seu primeiro depoimento. Os policiais haviam sido gentis, compreensivos, mas ainda assim Cecília sentiu o corpo tremer enquanto respondia às perguntas.
— Senhora Cecília… você sabe o motivo pelo qual seu pai atirou em Gustavo? — um dos investigadores perguntou, a voz baixa.
Ela engoliu em seco. As mãos, unidas sobre o colo, tremiam levemente.
— Eles… eles começaram a discutir — respondeu. — Estavam brigando sobre quem sairia para buscar o dinheiro. Gustavo queria ir, mas meu pai disse que não confiava nele. A discussão aumentou… eles começaram a se agredir. Eu… — Cecília vacilou por um instante, respirando fundo. — Eu vi uma brecha. Peguei Aurora no