O caminho até o hospital foi um borrão.
Enrico não se lembrava de ter entrado na ambulância, tampouco de alguém perguntando seu nome ou pedindo que ele ficasse sentado. A única coisa nítida era Cecília — pálida, trêmula, segurando Aurora com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.
Ele ficou o tempo todo ao lado dela, como se qualquer milímetro de distância fosse perigoso. E talvez fosse.
Aquela sensação — o medo de perdê-las — ainda pulsava dentro dele como uma dor física.
Quando chegaram ao hospital, a equipe médica os separou para um atendimento inicial.
Cecília tentou protestar, mas Aurora precisava ser examinada e ela também. Enrico prontamente se ofereceu para acompanhar as duas, mas um dos médicos o segurou pelo antebraço.
— Senhor, precisamos que nos deixe trabalhar. Vamos cuidar delas. Prometo que você verá sua filha em poucos minutos.
Ele abriu a boca para argumentar, mas a voz morreu. Ele estava exausto. A adrenalina que o manteve de pé, correndo, gritando e enfren