O sol de fim de manhã atravessava as janelas abertas do novo apartamento, espalhando uma claridade que realçava o piso de madeira e as paredes ainda nuas. O ar fresco trazia o cheiro de tinta nova misturado ao de papelão das caixas empilhadas. Para Cecília, era como se estivesse vivendo um sonho — mas um sonho ainda em construção.
A sala, ampla e iluminada, parecia maior do que ela lembrava na primeira visita. Talvez porque agora estava quase vazia, exceto por duas caixas abertas, uma mesinha de canto e um pequeno sofá de dois lugares que veio da antiga casa. A falta de móveis saltava aos olhos, e por mais que Cecília tentasse focar no entusiasmo de finalmente ter seu próprio espaço, uma pontada de frustração insistia em se instalar em seu peito.
— Está ficando ótimo — disse Enrico, entrando pela porta com uma caixa pesada nos braços. Colocou-a no chão, estalou os ombros e lançou-lhe um sorriso.
Cecília observou a sala vazia e cruzou os braços.
— “Ótimo” é generosidade sua. Parece mai