O primeiro raio de sol atravessava as cortinas quando Cecília acordou. Ainda envolta nos lençóis, sentiu o calor do corpo de Enrico ao seu lado, e por um momento, não soube dizer se aquilo era sonho ou realidade. O silêncio era profundo, quase sagrado — diferente do barulho constante da cidade, da tensão dos últimos dias, dos ruídos que moravam dentro dela.
Virou-se devagar e o viu dormindo. Enrico parecia mais jovem ali, os traços relaxados, o peito subindo e descendo em uma calma que contrastava com o homem controlado que ela conhecia. A mão dela se aproximou do rosto dele sem pensar. Tocou de leve a barba mal feita, o contorno da mandíbula. Ele abriu os olhos, sonolento, e sorriu ao vê-la tão perto.
— Bom dia — ele disse, a voz rouca pelo sono.
— Bom dia — ela respondeu, o rosto tão próximo que os narizes quase se tocavam.
— Dormiu bem?
Ela assentiu, e por alguns segundos, ficaram apenas ali, se olhando. O mundo parecia distante demais para interferir.
— Vamos caminhar? — ele suger