Os dias que se seguiram à visita de Júlia foram diferentes. Não havia uma mudança brusca — Cecília não voltou a sorrir de repente, nem as sombras desapareceram de um dia para o outro. Mas aos poucos, pequenas rachaduras foram surgindo na muralha que ela erguera ao redor de si.

Ela começou a passar mais tempo na sala, mesmo que em silêncio. Voltou a trocar algumas palavras com Enrico pela manhã, e às vezes, quando ele fazia alguma piada leve, um sorriso breve escapava — tímido, mas real. Júlia continuava presente, aparecendo no café antes do trabalho ou mandando mensagens engraçadas no meio do dia, arrancando dela respostas curtas, porém constantes.

Enrico observava tudo com atenção, como alguém que tem nas mãos algo frágil demais para apertar, mas precioso demais para largar. Ao mesmo tempo, não deixou de vigiar cada passo do homem que chamava de “pai” dela.

Foi discreto, paciente. Descobriu que, depois de sair do apartamento de Cecília, o homem havia desaparecido por alguns dias. Tam