A voz do pai de Cecília atravessou o telefone como um golpe.
— Vamos direto ao ponto, Enrico. Você vai anotar o endereço — disse ele, com calma irritante. — Avenida do Porto, galpão 17. Entrada lateral. Você vai sozinho. Nenhuma polícia, nenhum segurança, nenhum herói.
Enrico segurava o celular com tanta força que os dedos doíam.
— Que horas? — sua voz saiu rouca, esmagada pelo próprio coração.
— Exatamente às três da manhã. Se você chegar antes, eu não apareço. Se chegar depois… — a pausa foi longa, cruel — …não sei se ainda encontrará as duas em boas condições.
Enrico fechou os olhos, sentindo o estômago despencar.
— E meu dinheiro, em espécie. Notas grandes. Dentro de duas malas pretas. Sem rastreadores, sem dispositivos, sem truques. Eu vou conferir antes de liberar qualquer coisa. Se eu desconfiar que você tentou me enganar… — o tom mudou, ficando mais grave — …eu não preciso dizer o que acontece com a sua família.
Enrico andou pelo escritório com passos curtos, compulsivos. O su