Leydi Dayane
O café da manhã seguia com a calma aparente de um lago sereno, embora por baixo daquela superfície o mar revolto estivesse à espreita.
A mesa, um verdadeiro campo de batalha gastronômico, estava abarrotada de pratos, copos e risadas. Marcela, irmã do Theodoro, comandava a conversa com uma energia calorosa e contagiante. Ela falava com as mãos, os olhos brilhando como se cada palavra fosse uma promessa. Era impossível não se deixar envolver — eu me peguei sorrindo, quase acreditando que, talvez, aquele dia pudesse ser apenas mais um dia comum, sem dramas.
A pequena Gamora, com a agilidade e fúria de quem luta para não perder nenhum segundo de sua infância, dividia seu foco entre três fatias de pão generosamente untadas com requeijão e um copo de suco de laranja que parecia ter vida própria — os pequenos dedos tentando segurar o copo enquanto ela saltitava de uma emoção para outra, narrando histórias mirabolantes sobre jacarés cor-de-rosa e passarinhos distraídos.
Eu me per