Theodoro Lancaster
As batidas na porta me arrancaram de um sono profundo com a sutileza de uma sirene de incêndio.
— Mas que porra… — murmurei, com os olhos ainda grudados.
Estiquei o braço para o lado da cama, tocando o lençol amassado e... vazio.
Por um segundo, meu coração acelerou, como se estivesse em queda livre.
Mas bastou fechar os olhos para a lembrança da noite anterior me invadir como um raio: o cheiro doce dela misturado ao meu travesseiro, os sussurros roucos no escuro, as mãos dela me guiando, a pele quente grudada na minha, o gosto da boca que eu ainda sentia nos lábios.
E então veio o maldito sorriso. O traidor do meu rosto que eu não controlei.
Sorri.
Sorri mesmo sabendo que isso era perigoso. Que aquilo tudo não podia ter acontecido. Que ela era minha secretária. E que eu era... eu.
As batidas voltaram com mais força.
— JÁ VAI, INFERNO! — berrei, arrancando o lençol de cima do corpo, tropeçando nas próprias pernas enquanto procurava algo que cobrisse o mínimo necessá