A manhã chegou envolta em um silêncio pesado, cortado apenas pelo som da chuva fina que batia contra a janela. A luz era cinzenta, filtrada pelas nuvens carregadas, lançando sombras tênues pelo quarto. Abigail despertou devagar, sentindo o calor do peito de Sérgio contra suas costas. Os braços dele ainda a envolviam, como se, mesmo dormindo, temessem que ela desaparecesse.
O som constante da chuva parecia ecoar o ritmo lento de seus pensamentos, lembrando-a da noite anterior, das conversas, dos risos, e também do peso das decisões que ainda pairavam no ar. O mundo lá fora continuava molhado e silencioso, mas dentro daquele quarto havia a mesma sensação de abrigo, um refúgio temporário do que os esperava do lado de fora.
Ficou ali por um instante, ouvindo o som compassado da respiração dele. Era quase fácil acreditar que o mundo lá fora tinha parado, que não existiam perigos nem decisões, apenas aquele instante suspenso no tempo. Mas o relógio na parede insistia em avançar, lembrando-a