As noites em Durang tornaram-se mais longas.
Havia algo estranho no ar — pesado, denso, sufocante. Como se as paredes do castelo sussurrassem mentiras e enredassem quem ousasse respirar fundo. Eliara já não dormia bem. A cada passo nos corredores, sentia o julgamento, o desprezo, a condenação não dita. O palácio que antes conhecia como suas próprias mãos agora parecia um labirinto, cheio de armadilhas — e ela era a presa ferida.
Tatya, por sua vez, deslizava entre nobres e conselheiros como uma dama perfeita. Gestos doces, palavras calculadas, e a barriga crescendo como uma coroa viva de legitimidade. Em público, elogiava Eliara com teatralidade:
— “Ela cuida tão bem de Maekor… o reino deveria agradecê-la.”
Mas, nos bastidores, sua crueldade se refinava.
Eliara suportava. Por Maekor, por sua loba, por sua própria honra.
Até que um detalhe mudou tudo.
Numa tarde fria, enquanto organizava os livros antigos da biblioteca — uma tarefa que lhe fora imposta como forma de “manter-se ocupada”