O silêncio do quarto de Samara era opressor. As paredes luxuosas, os móveis caros, o brilho do mármore sob seus pés — tudo parecia uma prisão dourada. Tentou ligar novamente. Mais uma chamada sem resposta. O desespero lhe corroía o peito. Apertou os botões do celular com tanta força que suas mãos tremiam, como se o próprio aparelho fosse culpado por sua impotência.
— Atende, pai... por favor... — murmurava entre lágrimas.
A linha caiu em silêncio outra vez. Uma fúria súbita a dominou. Atirou o celular contra a parede. O som seco do impacto reverberou pelo quarto como um grito contido, seguido do estilhaçar da tela em dezenas de pedaços espalhados pelo chão de mármore.
O arrependimento foi imediato.
— Não! — gritou, caindo de joelhos diante do aparelho quebrado.
Recolheu os fragmentos com mãos trêmulas, sentindo a garganta se fechar. Aquele gesto impensado a havia condenado: sem telefone, sem comunicação, sem pedir ajuda. Estava incomunicável com o pai, com o advogado, com o Brasil. Ma