96. Contrato de salto agulha
A conversa da noite anterior ainda ecoava na minha cabeça.
A voz dele firme, o olhar frio e o “chega de jogos, Ágatha” soando como uma sentença — ou uma provocação disfarçada de ordem.
Ele queria controle.
Eu queria quebrar o controle dele.
Devia estar aliviada.
Mas acordei com vontade de jogar alguma coisa pela janela. De preferência, ele.
— Bom dia, temperamental — Isabella brincou, entrando no quarto.
— Bom dia, sarcasmo com pernas — rebati, jogando o travesseiro nela.
Ela riu. Tudo parecia normal… até o som dos saltos ecoar no hall.
Tac. Tac. Tac.
Aquelas passadas firmes e confiantes que anunciam problema antes mesmo de aparecer.
Levantei, curiosa, e quando desci as escadas, quase engasguei com o café.
Uma mulher estava parada no meio da sala.
Alta, loira, pele dourada, e um sorriso de quem já sabia o efeito que causava.
Vestia um tailleur justo demais pra ser casual.
E Dante — meu Dante — estava ao lado dela, com aquela calma polida que me dava vontade de arranhar a parede.
— Ent