9. A primeira queda
A brisa da noite batia gelada, mas não aliviava nada dentro de mim. O telefonema do meu pai ainda latejava na cabeça, e cada passo pela praia parecia um jeito torto de me afastar de tudo. O resort já tinha sumido atrás das dunas, e só a lua e o som das ondas me faziam companhia.
Mas, de repente, os passos atrás de mim voltaram. Sabia que era ele. Maldito.
— Não aprendeu nada? — a voz dele soou baixa, rouca, carregada de ironia. — Andando sozinha, perdida de novo.
Revirei os olhos, mas o coração disparou. — Você não tem mais nada pra fazer além de me seguir?
— Tenho. Mas nada é tão divertido quanto ver você tentando fugir e tropeçando em si mesma — retrucou, com aquele meio sorriso irritante.
Mantive o passo, acelerando, só para que ele tivesse de me alcançar. Ele não se apressou. Andava com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo, como se soubesse que, cedo ou tarde, eu acabaria rendida.
— O que você quer, Dante? — perguntei, tentando soar firme.
Ele chegou perto o suficie