Eu ainda não tinha conseguido focar em nenhum relatório desde que Ágatha saiu da minha sala.

O perfume dela parecia ter ficado preso no ar — provocando, queimando, me lembrando de tudo o que eu queria e não devia.

Ela me desafiava de um jeito que ninguém mais ousava.

Enquanto o resto do mundo me olhava com reverência ou medo, ela me olhava como se eu fosse apenas… humano.

E talvez fosse isso que me desarmava.

Matheus entrou na sala com o tablet em mãos, hesitante.

— Senhor… você vai querer ver isso.

Ergui o olhar.

— O que foi agora?

Ele olhou para o chão, desconfortável.

— As senhoritas Heil e Duarte estavam em um café próximo da sede. Um sujeito se aproximou… nada demais, aparentemente, mas um dos homens nossos interveio antes que houvesse confusão.

— Um dos nossos? — arqueei uma sobrancelha.

— Sim, senhor. O agente Rafael. Disfarçado, conforme suas ordens.

Soltei o ar, recostando-me na poltrona.