O telefone havia tocado no meio da tarde, quando eu estava deitada em uma das espreguiçadeiras da piscina, fingindo relaxar. O repórter falava rápido, nervoso até, pedindo uma entrevista exclusiva sobre as mudanças na Rabbit. Uma “grande matéria”, segundo ele, capaz de chacoalhar o mercado editorial. Eu não precisei pensar muito. Aceitei.
Era a chance perfeita. Se Dante achava que podia me tirar da capa, eu mostraria que a Rabbit ainda era, acima de tudo, minha vitrine. E que ninguém — nem mesmo um Emberlain — poderia apagar minha luz. — Marcamos no salão de eventos amanhã, às cinco — o repórter dissera. — Só você, Ágatha. Queremos sua visão. Minhas unhas bateram contra o copo de suco que segurava. Só eu. Sem Dante, sem Santi. Um palco perfeito. Naquela noite, mal consegui dormir. Entre vestidos espalhados pela cama e a lembrança venenosa do sorriso de Dante no anúncio da sociedade, minha mente trabalhava como uma máquina.