O vestido estava estendido sobre a cama como se fosse uma armadilha. Um tecido preto acetinado, colado ao corpo, com um corte ousado na lateral que mais parecia gritar do que sussurrar. Passei a mão sobre ele, respirando fundo. Não era só um jantar qualquer, e eu sabia disso. O jeito de Santi falar durante o dia inteiro — sempre com aquele sorriso maroto e frases jogadas no ar — só confirmava que algo maior estava prestes a acontecer.
— Você vai usar esse? — perguntou uma das modelos, encostada na porta, mordendo uma maçã com desinteresse estudado. — Vou — respondi, erguendo o vestido como se fosse uma espada. — É sempre bom estar preparada para vencer guerras. Ela riu. — Guerra ou conquista? — Tanto faz. No final, todo mundo sangra igual. — Vesti o tecido frio contra a pele, sentindo o peso dele moldar meu corpo. A maquiadora veio logo em seguida, espalhando pincéis e pós como se estivesse prestes a me enter