119. Renascida
Eu acordei com a sensação de que tinha levado um soco emocional no meio da cara.
Ou dado um.
Ou dois.
Ah, é. Eu dei dois.
As imagens da noite anterior voltaram como flashes desordenados: o beijo, o tapa, outro beijo, outro tapa, gritos, raiva, Dante, Dante, Dante.
Inferno.
Levantei da cama com o cabelo parecendo que lutei com um furacão e perdi.
Joguei o cobertor longe, enfiei o pé no chinelo e fui direto para a cozinha, decidida a começar o dia com café e dignidade.
O café ficou bom.
A dignidade, nem tanto.
Peguei o celular e, antes de qualquer coisa, disquei para a portaria do prédio.
— Bom dia, dona Ágatha — disse o porteiro, com a voz sonolenta. — Aconteceu alguma coisa?
— Sim — respondi, séria, colocando uma mão na cintura. — Aconteceu que, a partir de agora, está oficialmente proibida a entrada de um homem chamado Dante Emberlain neste edifício. Não importa se ele vier de terno, sem camisa, com contrato, com helicóptero, com flores, com um cheque de seis dígitos ou com aquele ol