O dia avançava devagar, enevoado, como se o tempo tivesse desacelerado para que tudo naquela vila se passasse à meia-luz. Eleanor caminhava pelo jardim úmido com o caderno da tia ainda nas mãos. Não conseguia ignorar o peso que aquelas páginas traziam, como se cada anotação revelasse uma camada que ela ainda não estava pronta para enfrentar.
Theo. O nome agora vibrava diferente dentro dela.
Não era apenas um homem de rosto misterioso e olhos fundos. Era um nome marcado pela morte, por um passado quebrado — e, de algum modo, tudo isso o tornava ainda mais humano. Mais próximo.
Por volta das quatro da tarde, o som de passos sobre o cascalho do portão a fez erguer o olhar. Theo caminhava em direção à casa, com um envelope de papel pardo sob o braço e a expressão mais fechada do que de costume.
— Pensei que fosse sumir por mais alguns dias — ela comentou, tentando parecer casual, mas havia algo ansioso no seu tom.
— Eu ia. Mas você me deixou inquieto — respondeu ele, direto como sempre. —