O lago parecia o mesmo. Quieto, como sempre estivera. As águas escuras refletiam o céu acinzentado daquele fim de tarde em Yorkshire, e a brisa leve fazia ondulações suaves na superfície, como se o tempo ali se recusasse a correr. Mas para Eleanor e Theo, nada mais era igual.
Desde que haviam deixado a cabana de Anna Faerburn — ou, como agora pareciam não mais duvidar, a cabana de Amélia Ravenscroft —, havia um nó no estômago dos dois. Uma urgência diferente daquela que os guiara até então. Aquilo não era mais apenas uma investigação sobre o passado, ou um caso mal resolvido. Era sobre identidade. Sobre verdade. Sobre as vidas que foram dilaceradas em silêncio.
E talvez sobre justiça.
Caminharam lado a lado até a margem, os passos ecoando sobre a vegetação molhada. Theo parou alguns metros antes da borda, os olhos fixos no ponto onde Elijah havia sido encontrado. A lembrança não vinha apenas como imagem — era sensorial. O cheiro da água, o som abafado das vozes na época. As mãos que o