A manhã surgiu com uma névoa tênue envolvendo o vilarejo como um véu antigo — denso, mas familiar. Eleanor observava pela janela da cozinha, os olhos fixos no jardim encoberto. A xícara de chá esfriava em suas mãos, esquecida. Havia algo de inquietante na brisa daquele dia, como se o passado estivesse prestes a se insinuar mais uma vez pelas frestas das portas.
Theo chegou pouco depois das nove, carregando uma pasta de couro desgastada e um cansaço que não vinha do corpo. Seus olhos a encontraram rapidamente, como se buscassem um ponto seguro. Eleanor ofereceu um sorriso silencioso, e ele se sentou à mesa sem cerimônias.
— Dormiu bem? — ela perguntou.
— Não exatamente — respondeu ele, pousando a pasta sobre a mesa. — Estive relendo alguns dos documentos que encontramos. Tem algo que continua me incomodando.
Ela inclinou-se levemente, atenta.
— O quê?
— Rupert Wallace disse que tentou reabrir a investigação anos depois. Que foi afastado por causa disso. Mas por que só tentou depois? Se