"Eu não pedi para que se casasse comigo, vá embora e me deixe em paz!“ — Maria Eduarda disse pausadamente, enquanto segurava uma tesoura debaixo da mesa da máquina de costura. Virando as costas, ela soltava o ar com força comprimindo os lábios, apertando a peça que estava prestes a cortar. Maria Eduarda havia o rejeitado há quatro anos, só que agora, Maicon havia sido aquele escolhido para casar com ela, que tentava dia após dia, fazê-lo se arrepender, sem sucesso. “Deixá-la agora seria desperdício, não me desfaço de nada que possuo, fique ciente!“ — ele a puxou de repente, fazendo com que a tesoura ficasse pendurada na ponta de seus dedos. “Pra me possuir vai precisar de muito mais do que ter o meu corpo..." — sussurrou enquanto sentia a tesoura ser derrubada com facilidade por ele. “Isso é o que vamos ver... até o diavolo tem medo de mim, italiana!"
Leer másCAPÍTULO 1
Maicon Prass Fernandes Não foi do dia para à noite que me tornei o consigliere do Don. Sou os olhos da máfia Strondda e aquele que o Don confia de olhos fechados. Cheguei aqui em Roma praticamente com a roupa que vestia, depois de uma vida inteira trabalhando como catador de reciclagens no Brasil, para tentar ajudar minha família a comer todos os dias. Meu cunhado e também “Don” da máfia Strondda, me testou e me ensinou a ser como ele, e hoje, além de dar conselhos e ser o mais próximo, também tenho dominado seus soldados na maioria das missões, já que ele e minha irmã acabaram de ter seu segundo filho, uma menina linda. Respiro fundo, olhando pela janela e vendo uma chuva forte caindo sobre o gramado. Há soldados inimigos caídos no chão, mas nenhum deles está morto. — Vamos levá-los também, chefe? — me viro ao ouvir a voz do meu soldado de confiança que abaixado, examina a cena. — Por que me pergunta o que já sabe? Enfie esses maledettos na Van e nenhum morre até que eu diga que pode visitar o diavolo! — chuto a mesa de centro, e todos me olham. — ESTÃO ESPERANDO O QUÊ, PORRA? — apressados, eles seguem meu protocolo, apenas observo enquanto lavo minhas mãos, antes de dirigir até o local de costume. Já no reduto fortificado, onde tenho a liberdade de fazer o que bem entender com os inimigos, espero do lado de fora, enquanto degusto de uma boa bebida, e nossos homens estão interrogando, examinam e torturam, aqueles que foram pegos mais cedo. — Aqui está pronto, chefe. — Meu soldado diz com poucas palavras, mas seu semblante inexpressivo é suficiente para que eu entenda, já sei o que quer dizer, nenhum deles pode ser compatível comigo. — Então mate-os e livre-se dos corpos! — viro as costas, empurrando o copo no balcão. — Não me sigam! — saio sem olhar pra traz, é hora de ir pra casa, fiquei todo molhado e a chuva não passa. Já chega por hoje. Dirigindo meu Maserati cinza claro, que nem deveria estar no reduto, observo que um carro me segue, piso fundo, e apenas sorrio debochando. “A chuva parece dificultar o trabalho do maledetto.“ Balanço a cabeça esperando o momento correto para inverter o jogo, o idiota não tem a menor habilidade no volante. Apenas apertando um botão, eu avisaria a todos os nossos homens sobre a perseguição, mas esse idiota não é páreo pra mim. Num cavalinho de pau, me aproveito da experiência que tenho em asfalto escorregadio, após deslizar a nave e ficar de frente com quem me seguia, saltei. Assim que parei o carro, a porta abriu para cima, então apontei para o meu adversário. — TEM DOIS SEGUNDOS PRA DESCER! — gritei ainda antes que o carro dele parasse completamente, contei apenas um segundo e saí do Maserati, então o idiota abriu a porta e saiu com as mãos pra cima. — O que está acontecendo? Eu não fiz nada! — reclamou com a voz meio falha. Analisei seus movimentos corporais e cada expressão para saber o que o maledetto tramava. — Se mentir pra mim, pagará por cada palavra, e se não sabe quem sou, saiba que fiquei conhecido por não ter piedade! — o homem de olhos arregalados, ergueu as mãos e disse: — Eu vim para o noivado do meu primo, estou atrasado, não pensei que ainda houvesse rixa entre a máfia Strondda e os Russos, já que a família Kim fechou um acordo com o casamento. — Por um momento me lembrei... — Família Kim? Você é um membro da família Russa? — assentiu apressado. — Sim, apenas vim para o noivado... — meti um soco no seu estômago. — Eu só fiz uma pergunta agora, não duas! — me encarou, mas logo abaixou a cabeça. Hoje é o noivado de Maria Eduarda Strondda, a filha do antigo consigliere, irmã de Enzo Duarte. Balancei a cabeça, me lembrando a forma como ela me rejeitou e me humilhou quando me aproximei há quatro anos, com certeza está feliz agora, se casando com alguém do seu nível, porque só adquiri dinheiro depois das coisas horríveis que ouvi dela, mas um Don como esse Russo, nunca serei. Desviei meus pensamentos quando lembrei o quanto esse casamento era propício para a máfia, já que essa jovem só trouxe problemas com suas aventuras amorosas, enquanto estava prometida ao membro da família Kim. Olhei ao redor e percebi que realmente estávamos na frente do muro da casa dela. Me aproximei e segurando pelo colarinho do homem esclareci: — Espero que tenha dito a verdade, caso contrário... — de repente em meio a chuva, estranhei ao avistar por traz do cara, alguém sobre o telhado da família do antigo consigliere. O prendi na lataria do carro, olhei melhor, alguém subiu rapidamente e em plena chuva, correndo o risco de deslizar. Soltei o idiota e imediatamente corri, passei facilmente pela entrada da casa, já que sou conhecido, e fui pelo lado de fora. Apontei a arma pra cima, só pra me irritar ao ver a maledetta da Maria Eduarda, descalça e com um vestido vermelho na altura dos joelhos, completamente colado ao corpo, tentando fugir pelo telhado da casa, com algo na mão. — Se não descer vou atirar! — falei sem gritar, aquela doida ainda era membro da família. Don Antony a protegia, às vezes. A maledetta levantou o braço e apertou o gatilho de uma arma que eu nem tinha visto, precisei ser rápido, desviei depressa, mas a arma estava descarregada. Vi quando ficou irritada e jogou a arma em mim, quase me acertando na testa. — Pois, atire! Odeio cães que ladram, mas não mordem! — bufei a encarando com raiva, e mesmo sabendo que era a irmã de um membro como Enzo e filha do antigo consigliere, atirei na telha que fez com que a maledetta escorregasse, e ainda precisei ajudá-la. Ela ficou reclamando, e eu a mantive sob meu domínio enquanto reclamava coisas sem sentido e eu a pressionava numa árvore molhada. — Irresponsável, infantil! — esbravejei enquanto a segurava, tentando capturar seu olhar. — Você é “mais um” membro patético da máfia! Se me queria morta, por que me segurou? — me apertou nos braços, com suas unhas grandes, e agora encarou meus olhos, mas eu não a deixaria me manipular. — Se quebrasse uma perna adiaria o acordo, e você demoraria mais para sumir pra Rússia! Só traz problemas permanecendo aqui! — franziu a sobrancelha e bufou, apertando meus braços de cara fechada. — Por que continua apertando a minha cintura? Deveria estar cuidando da minha perna então — só então percebi como estávamos próximos, ela tem uma cintura pequena, mas meus dedos também ficaram sobre seu vasto quadril. Assim, molhada com a chuva e tão irritada quase me fez esquecer quem realmente é. Num impulso, a soltei. — Suma daqui, consigliere! Minha fuga não é da sua conta! — a maledetta tentou fugir, então rapidamente a segurei firme, a puxando de volta. Estava molhada demais, assim como eu, e tentou me empurrar. — Vamos entrar agora mesmo, porra! Você não se manda, é completamente irresponsável!— a segurei pelo braço. — EU NÃO VOU CASAR, ME AJUDE A SUMIR DAQUI! EU TENHO DINHEIRO... — fiquei com raiva, não sou mais o pobre catador que ela conheceu. Aquele homem morreu há quatro anos, quando entendeu tudo que ela dizia. — Odeio esse tipo de pessoa que acha que pode fazer o que quiser, e pode comprar tudo! Agora faço questão de te devolver para seus pais e seu irmão! — a joguei nas costas e carreguei até a entrada, estranhando o movimento seguinte, de carros de luxo indo embora. “Será que o noivo desistiu?“ — Tenho pena desse cara!Narrativa da autora Venho pessoalmente, contar a vocês como termina essa história. Ivete, que sempre foi uma mulher prática e dedicada, começou a perceber algo inesperado em sua jornada. Antes, sua vida se resumia a ser a cozinheira da família de Maicon, cuidando de todos com zelo e dedicação. No entanto, ao longo do tempo, o contato com a realidade dura e perigosa da máfia a transformou. De alguém que, no início, preferia estar longe dos negócios sombrios, Ivete foi se adaptando. Ela descobriu uma adrenalina em se envolver nas operações e, surpreendentemente, desenvolveu um gosto pelo risco. Ela percebeu que gostava da sensação de controle, da tensão, da habilidade de proteger aqueles que amava. Ela conheceu Fred, o homem que, ironicamente, havia ferido, mas depois cuidou durante sua recuperação. No início, era apenas o dever de garantir que ele sobrevivesse. No entanto, Fred, com seu jeito calmo e resiliente, despertou algo nela. Enquanto o ajudava, Ivete começou a
Capítulo Final Maicon e Maria Eduarda estavam sentados à mesa do restaurante onde tudo começou entre eles. Cercados por suas famílias, celebrando não apenas o reencontro, mas também a nova fase de suas vidas como pais. — Não posso acreditar que vocês conseguiram fazer essa reserva aqui de novo! — exclamou Rebeca, a irmã de Maicon, rindo. — Lembro da última vez que você quase foi expulso por causa do transtorno e discussões. Maicon lançou um olhar divertido para Duda, que retribuiu com um sorriso maroto. — Não fui eu quem fez barulho, certo, italiana? — Ele olhou para Maria Eduarda, que estava com um brilho nos olhos. — Você ainda era quieto. Confesso que a culpa foi minha, mas agora quero que todos vejam como estamos bem, juntos — respondeu ela, rindo. — Se você diz... A conversa fluiu naturalmente, e o clima era de pura alegria. A mesa estava repleta de pratos que refletiam a mistura de culturas, desde massas típicas italianas até pratos brasileiros que Maic
CAPÍTULO 143 Maicon Prass Fernandes Eu me mantive em silêncio, deixei o Don conduzir. Alexei se afastou, se aproximou do irmão, que cochichou algo pra ele, então o senhor Kim se pronunciou outra vez: — Nós vamos procurar um médico para atender o Anton, mas depois eu volto para conversarmos, Don Antony. Sugiro que pense bem, porque se não me engano, você mesmo negou essa moça para acordos, antes, porque não estava bem de saúde. — Ela está bem melhor. Vou solicitar um laudo médico atualizado, fique tranquilo — Don disse decidido. — Certo. Vamos! — Chamou Alexei que precisou ajudar o Anton a sair. O maledetto todo quebrado, ainda me encarou com um leve sorriso, que brotou do seu rosto quando passou por mim. O Don observou Maxim e Alexei se afastarem com Anton, ainda com aquela expressão calculista que ele sempre mantinha. Eu continuei em silêncio, esperando o momento certo para falar. Assim que os russos saíram do local e a porta foi encostada, ele se v
CAPÍTULO 142 Maicon Prass Fernandes A noite terminou ótima, embora as palavras de Maria Eduarda não saíssem da minha cabeça. “O que Alexei estava tentando dizer?“ Acordei mais cedo, passei para ver as crianças e então, fui ver como estava o Anton. — Daniel... seja rápido. Compre uma roupa apresentável, terno, sapatos. De preferência uma camisa num tom com cor viva, tipo um vinho. Vamos precisar libertá-lo hoje no final do dia. Já recebi uma mensagem do Don que o senhor Kim quer o filho, hoje. — Chefe, você viu o rosto dele? Anton teve um dente quebrado, seu cabelo raspado, um pedaço da orelha sumiu, está irreconhecível... — Daniel lembrou. Eu só o olhava de longe, mas dava para notar. — Providencie uma dentadura, chame o dentista, se vira, Daniel! Vou pedir à Ivete que coloque algo no rosto dele para melhorar, e dê um remédio para desinchar. — Certo chefe... Eu sabia que poderia dar merda, mas era uma ordem, teríamos que entregar esse hom
CAPÍTULO 141 Maicon Prass Fernandes — Que não tinha culpa em tudo, alguém armou pra ele, mas não disse quem, como ou o motivo — respirei mais forte. — Mentiu pra mim, italiana? — saí de perto dela, olhando novamente para a prateleira, pensando numa punição. Caminhei até a prateleira e peguei a palmatória de madeira, o peso familiar em minhas mãos trazendo uma sensação de controle absoluto. Virei-me para Maria Eduarda, ainda esticada, presa ao poste, seu corpo tremendo levemente, e soube que ela percebia o que estava por vir. — É, você mentiu — falei com a voz baixa e controlada, me aproximando dela. — E sabe que não posso deixar isso passar sem uma punição adequada. Alexei te disse mais alguma coisa? — Era russo, mas entendi poucas coisas. Ela engoliu em seco, seus lábios apertados, como se estivesse se preparando. Passei a mão pela lateral do corpo dela, parando nos quadris antes de puxar sua calcinha para baixo, expondo completamente suas nádegas. M
CAPÍTULO 140 Maicon Prass Fernandes Quando entrei no quarto de jogos, o ambiente estava mais silencioso do que o habitual. As luzes eram mínimas, velas estrategicamente posicionadas lançavam sombras ondulantes nas paredes. Havia um cheiro suave de couro misturado com um toque de algo floral que reconheci imediatamente. Era aquela peste. Fechei a porta atrás de mim com um leve clique, e foi então que a vi. Maria Eduarda, dentro da grande jaula de ferro no canto do quarto, estava de joelhos, completamente submissa, com as mãos delicadamente entrelaçadas à frente do corpo. — Gostosa pra Caralho... — sussurrei. Ela usava uma peça mínima de renda preta, que mal cobria suas curvas, e o cabelo solto caía, mas mostrava os ombros, contrastando com as barras escuras da jaula. Seus olhos estavam fixos em mim, cheios de expectativa e submissão, com seus seios à mostra. O simples fato de vê-la assim fez meu coração acelerar. Duda nunca foi o tipo de mulher que se deixava dom
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