Mundo ficciónIniciar sesiónNaquele instante, eu o olhei tentando decifrá-lo.
E antes que eu pudesse reagir, a voz da senhora Backer o advertiu:
—Calma, Mark. Sei que acabou de chegar e deve estar inseguro sobre quem vai cuidar do nosso pequeno Bem, mas não é assim que se resolvem as coisas.
Ela falou, abrindo a maçaneta da porta; já estávamos em frente ao clube.
Cleo o olhou e sorriu:
—Vamos falar sobre isso quando eu chegar em casa. Quem sabe não deixamos que ele mesmo escolha? – Disse ela com um sorriso montado, antes de sair do carro.
Mark não satisfeito com a resposta, travou o maxilar e em resposta rápida, desceu do carro, batendo no vidro do motorista.
—Saia!
—Mas senhor...! – Disse Gabriel, mostrando-se completamente coagido.
Ele me olhou e eu assenti com um balanço de cabeça o vendo sair e ir para a calçada.
Mark se sentou no lugar dele.
—O que pensa que está fazendo, senhor Backer?
—Calada. – Disse ele, sem me olhar. Ele continuava a pisar no acelerador, como se nada o pudesse atravessar.
Seus olhos queimavam, mas de algo destrutível. Assim como brasas.
Eu segurei no banco do carro, virando o rosto para a janela, vendo as luzes passarem como um borrão.
—Mark, para o carro. – Pedi e ele fingiu que não me ouvia.
Foi então que aumentei a voz.
—MARK PARA ESSE CARRO! – Assim que pedi, senti um tranco e os pneus derraparam com a freada brusca.
Ele começou a bater no volante, se virando depois para me olhar. E então, ele saiu do carro batendo a porta.
Olhei para trás respirando aliviada pela criança estar adormecida e completamente absorta do que estava havendo.
Eu desci do carro e o vi parado na ponte, esfregando os cabelos com raiva.
—Mark, por que fez esse show?
—Mark! - Ele repetiu como se degustasse o próprio nome em sua boca, antes de virar para me encarar. —Agora sou o Mark? Quando te mostro a minha raiva e do que sou capaz?
Ele sorriu, mas eu sabia que não era por graça.
—Que porcaria de vida é essa que você se submeteu? Ela não te ama e não te deixa ir. E você...
Minha garganta secou.
Mark se virou com fúria, batendo com a mão no guarda-corpo do rio, me prendendo sem me tocar.
—Nem meu pai aguentou essa pressão. Ninguém aguenta. Por que você está aqui recebendo ordens e controlando tudo?
—É o meu trabalho, senho...
—NÃO ME CHAMA ASSIM! – Ele gritou e logo sua voz suavizou, mas sem perder o impacto. —Não depois de tudo. Não depois de todos esses anos. Não depois de você já ter me pertencido e eu não estou falando de profissionalismo.
Naquela hora, fechei meus olhos e meu corpo se encolheu.
Respirei fundo sem que ele me ouvisse e virei o rosto para não o encarar.
—Você escolheu a sua vida.
—E você a sua! – Disse ele, sacudindo a grade tentando conter a raiva. —Eu não sei por que raios isso ainda me afeta, mas acredite, não é amor. Não é nada bonito.
—Então por que tantas perguntas? – Perguntei o olhando nos olhos finalmente —Por que se importa sobre o que eu tenho com a sua mãe? Isso não muda nada.
—Não muda, Hana?
—Não! – Respondi seca. —Aquela criança é a sua escolha...
Ele me interrompeu.
—Aquela criança é meu filho e não tem nada a ver com você. Então, nunca desconte sua raiva nele.
—Eu nunca faria nada contra ele. – Respondi o olhando nos olhos. —Agora se me der licença, senhor Backer, precisamos ir.
Falei o vendo me dar passagem e ao dar um passo, falei sem olhar para trás:
—E não se preocupe. Eu jamais faria mal a essa criança. Ele é um Backer e é filho do meu chefe.







