Victorio
— Está demorando demais, Victorio. Essa criança vai nascer antes que possamos fazer qualquer coisa — disse Donatela, sentada na varanda de sua velha vila italiana, com um cigarro entre os dedos e o olhar perdido nas colinas cobertas de vinhedos.
Do outro lado da linha, Victorio soltou um suspiro. Os ruídos da cidade americana formavam um pano de fundo constante — buzinas, passos apressados, o eco de uma realidade que contrastava com a quietude impregnada de rancor da Itália.
— Eu não sou onipotente, Donatela. As coisas aqui seguem um ritmo próprio. Preciso manter a aparência, movimentar papéis, visitar galerias, lidar com colecionadores. — Sua pausa foi breve. — Ninguém desconfia de um homem que negocia arte.
— Ninguém desconfia porque todos lhe devem favores. — Ela tragou lentamente, expirando a fumaça com desdém. — Você transita entre continentes como se estivesse num jogo de tabuleiro. Enquanto isso, eu permaneço aqui. Esquecida. Como sempre fui.
Victorio soltou uma risada