**Narrado por Caio Valença**
O silêncio que reinava dentro do carro parecia um tipo de condenação. Ao meu lado, Helena observava a paisagem pela janela, como se o mundo do lado de fora tivesse mais respostas do que eu podia oferecer. Mateo, o filho do melhor amigo que eu deixei para trás, dormia tranquilamente em seu colo.
Tínhamos acabado de sair do cartório.
Ela disse sim.
Assinou meu sobrenome, transformando-me no homem oficialmente responsável por ela e pelo pequeno. Mas, no fundo, nada havia realmente mudado.
Helena ainda era preenchida por ausências. Seu aroma trazia à tona o luto que a envolvia. Ela ainda se estremeceu ao ouvir o nome de Dante, o homem que eu havia perdido, o que havia me deixado neste lugar incômodo.
Conduzi o carro em silêncio. Cada farol que parava era uma luta para conseguir respirar. Cada curva trazia à memória os sacrifícios que eu havia feito para estar naquele momento, naquele lugar. O papel que ela assinara declarava que agora ela era minha espos