capitulo 72

NARRADO POR DANTE FERRAZ

A sala ainda respirava o peso da queda de Caio Valença.

O silêncio era denso. Cortante. Eu ali, no centro, com a cabeça erguida, o sangue calmo… mas o peito queimando por dentro.

— “Saiam.” — falei, sem elevar a voz.

Os diretores não hesitaram.

Levantaram como soldados. Um a um, sumiram pelas portas. Nenhum ousou me encarar por mais de três segundos.

Restamos nós.

Eu e ela.

Helena.

Ela não se mexeu.

Ficou parada, como se o chão tivesse sumido.

Os olhos inchados, marejados.

A boca tremia, querendo dizer algo… mas sem força.

Deu um passo hesitante.

— “Dante…” — a voz dela saiu fina, quase um sopro. — “Meu Deus… dois anos… dois anos achando que você tava morto…”

A garganta dela falhou.

As lágrimas desceram de uma vez.

— “Dois anos te enterrando sem corpo… sem velório… sem resposta…”

A respiração dela era descompassada.

Deu mais um passo.

A mão se estendeu, como se quisesse tocar minhas costas.

Mas no instante em que senti o gesto, dei um passo à frente, saindo do
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