NARRADO POR DANTE FERRAZ
A sala ainda respirava o peso da queda de Caio Valença.
O silêncio era denso. Cortante. Eu ali, no centro, com a cabeça erguida, o sangue calmo… mas o peito queimando por dentro.
— “Saiam.” — falei, sem elevar a voz.
Os diretores não hesitaram.
Levantaram como soldados. Um a um, sumiram pelas portas. Nenhum ousou me encarar por mais de três segundos.
Restamos nós.
Eu e ela.
Helena.
Ela não se mexeu.
Ficou parada, como se o chão tivesse sumido.
Os olhos inchados, marejados.
A boca tremia, querendo dizer algo… mas sem força.
Deu um passo hesitante.
— “Dante…” — a voz dela saiu fina, quase um sopro. — “Meu Deus… dois anos… dois anos achando que você tava morto…”
A garganta dela falhou.
As lágrimas desceram de uma vez.
— “Dois anos te enterrando sem corpo… sem velório… sem resposta…”
A respiração dela era descompassada.
Deu mais um passo.
A mão se estendeu, como se quisesse tocar minhas costas.
Mas no instante em que senti o gesto, dei um passo à frente, saindo do