NARRADO POR CAIO VALENÇA
Fora da sede da Ferraz Holdings — Manhã
O sol estourava na minha cara.
Quente. Implacável. Cruel.
Os seguranças me arrastaram pelos braços.
Arrastaram MESMO.
Sem dó.
Como quem carrega um bicho morto.
— “SOLTA, CARALHO!” — urrei, me debatendo. — “EU AINDA SOU O PRESIDENTE!”
Riram.
Me largaram no chão.
Como lixo.
O corpo bateu com um estalo seco no concreto.
A mão rasgada.
O paletó destruído.
A gravata pendurada no pescoço como uma corda.
E foi aí que o inferno abriu as portas.
Flashes.
Microfones.
Gritos.
Uma multidão sedenta, faminta, voraz.
— “CAIO, É VERDADE QUE VOCÊ DESVIOU MILHÕES DA EMPRESA?”
— “A POLÍCIA VAI TE PRENDER, CAIO?”
— “VOCÊ ROUBOU O FILHO DO DANTE, ROUBOU A EMPRESA, ROUBOU A MULHER, ROUBOU TUDO?”
As perguntas vinham como pedradas.
E aí vieram as verdadeiras pedras.
Alguém jogou uma latinha vazia que bateu no meu ombro.
Outro jogou uma garrafa de plástico, me acertando na cabeça.
— “LADRÃO!” — gritou uma mulher.
— “SAFADO! PILANTRA!” — berrou o