**Narrado por Dante Ferraz Andrade**
**Três da manhã.**
O cais leste da Marina do Flamengo se estendia como um cenário sombrio e melancólico.
O vento soprou com uma força cortante, como uma lâmina, trazendo consigo o odor agressivo de ferrugem e gasolina, misturado ao cheiro desagradável do mar poluído. A cidade, envolta em silêncio, parecia dormitar ou talvez apenas fizesse um esforço para simular isso. Mas eu não conseguia me entregar ao torpor da noite.
Estava acordado. Acordado e com um peso imenso dentro do peito, a única certeza que ainda me mantinha vivo: ninguém rouba a vida de um homem e sai impune.
Meu coração pulsava com uma intensidade dolorosa, no compasso da vingança, ritmado pelo lamento daquilo que havia sido subtraído de mim.
**Dirigi em silêncio.**
As luzes dos faróis cortavam a escuridão e o asfalto parecia desfilar sob as rodas, como uma película antiga sendo projetada. O rádio permanecia desligado, mas minha mente estava inundada de memórias vívidas, co