(Narrado por Caio Valença)
— “Você sabe que eu ainda tô me curando. Que eu tô voltando agora. Que isso aqui… esse lugar… esse passado todo… me sufoca. E você faz o quê? Me transforma em troféu.”
As palavras dela vieram rasgadas, cheias de dor e raiva.
O rosto dela corado, os olhos marejados, a respiração curta.
E eu só observei.
Porque é fácil assistir um coração quebrar quando não é o seu.
— “Não é isso.” — respondi, sem pensar. Rápido demais.
Ela deu uma risada amarga, sem humor.
— “É sim, Caio.”
Fiquei quieto.
Ela deu um passo pra frente, o olhar afiado, os ombros tensos.
Toda ela era resistência.
Mas eu via a rachadura por baixo.
— “Você é minha família.” — soltei, medindo cada palavra.
— “E o Dante era o quê pra você?” — devolveu, seca.
A pergunta me atravessou, mas eu mantive o rosto limpo.
Nenhum músculo moveu.
— “Eu só quero que a gente funcione.” — falei. — “Que o mundo veja que a gente ficou de pé depois de tudo.”
Ela riu de novo, cansada.
— “Mas você que