Giovanni tinha acabado de adormecer depois de uma tarde inteira entre brinquedos de pano, dentição e risadinhas. A casa estava em silêncio. Aquela paz rara de fim de dia em que eu podia me permitir sentar e respirar. Max estava ali, como sempre nos últimos meses, sentado no outro lado do sofá, com uma expressão que oscilava entre o cansaço e a coragem de quem queria dizer algo, mas não sabia por onde começar.
— Tá tudo bem? — perguntei, ajeitando uma almofada no colo.
Ele hesitou, encarando o carpete como se as respostas estivessem escondidas ali.
— Queria te perguntar uma coisa, mas... não quero que pareça que tô forçando nada.
— Manda. Já te vi trocar cocô explosivo do Giovanni com uma cara de quem tava fritando hambúrguer. Acho que tá liberado falar.
Ele sorriu. Foi breve, mas sincero.
— Você já pensou no futuro?
— Como assim?
— Tipo... seus planos. Seus sonhos. O que você espera pro Giovanni, pra você mesma... pra gente, talvez — ele terminou, num sussurro, quase com medo de dizer