Acordei com os olhos pesados e a sensação de que tinha chorado até dormir — porque, na verdade, foi exatamente isso que aconteceu. A noite anterior ainda martelava na minha mente como uma música maldita que se recusa a sair da cabeça. O silêncio dele. O olhar. A presença.
Clara já estava na cozinha, preparando um chá de camomila e cortando frutas. Quando me viu descer, ela me olhou com uma mistura de cuidado e força, como quem sabe que eu poderia desmoronar a qualquer instante, mas que não permitiria que eu fizesse isso sozinha.
— Dormiu um pouco? — perguntou, me observando com olhos gentis.
Assenti devagar, puxando a cadeira e me acomodando com cuidado por causa da barriga, que parecia ainda maior hoje.
— Um pouco. — Minha voz saiu rouca, baixa, como se até ela estivesse cansada.
Clara colocou a xícara na minha frente e puxou uma cadeira ao lado.
— Eu sei que você não quer falar sobre isso agora... mas tô aqui, tá? Pra quando quiser.
Dei um leve sorriso, sincero, mas frágil.
— Eu só