Acordei com o vazio ao meu lado gritando mais alto que o despertador. O lençol ainda guardava o cheiro dele, o travesseiro amassado denunciava onde ele dormiu, e por um instante, fechei os olhos de novo só pra fingir que ele ainda estava aqui.
Suspirei, puxando o ar com preguiça e tristeza. Era sábado, e mesmo sabendo que ele voltaria em poucos dias, parecia que tinham me arrancado um pedaço.
Levantei devagar, os pés tocando o chão frio enquanto meus pensamentos ainda tentavam se reorganizar. Fui até o banheiro, me despi com calma, e deixei a água quente cair sobre mim. Queria lavar a saudade, a ansiedade, e a dúvida que ainda martelava no fundo do meu peito: será que eu realmente estava grávida?
Depois do banho, me enrolei na toalha
Quando o celular vibrou, eu estava no meio da sala, com a vassoura ainda na mão, tentando terminar a faxina. Não era a melhor forma de lidar com a falta de Max, mas funcionava. Eu me afastei de onde estava, rapidamente pegando o telefone, sem olhar antes de atender. Quando vi que era ele, senti um alívio imediato, como se a saudade que me apertava o peito fosse suavizada só por ouvir sua voz.— Oi, amor — falei, com um sorriso sem querer, me encostando na parede.— Ei, amor — ele respondeu, e a voz dele tinha uma leveza que me fez respirar mais fundo. — Como você está?O fato de ele me perguntar isso, sem nem saber o que eu estava fazendo, me fez rir baixinho.— Bem. Fazendo o que posso para pas
Mesmo sendo domingo, a sede da empresa estava longe de parecer um prédio em descanso. As luzes estavam acesas em todos os andares principais, gente entrando e saindo, ligações tocando mais do que deveriam. E eu… bom, eu estava no meio disso tudo, com uma xícara de café na mão, os cabelos presos em um coque apressado e duas abas de planilhas abertas no computador.Max havia mandado uma lista de tarefas ainda de madrugada — algumas urgentes, outras nem tanto, mas todas com aquela marca registrada dele: eficiência máxima, sem perder o charme do caos.— Charlotte, consegui os arquivos da filial — gritou Becca, a assistente do setor jurídico, atravessando a sala com um tablet em mãos.— Ótimo, coloca na pasta que co
O dia foi longo.Mesmo sendo domingo, mesmo com o prédio praticamente vazio, o andar da presidência fervia com a minha dedicação — e as mensagens do Max. Eu entendia. Ele confiava em mim. Queria tudo resolvido, detalhado, perfeito, e eu não ia decepcioná-lo. Não quando ele confiava a mim o que normalmente só passava pelas mãos dele.Terminei os últimos relatórios, conferi os e-mails, respondi o que era urgente e agendei o restante. Era quase noite quando fechei o notebook e me espreguicei na cadeira dele, como se meu corpo só ali percebesse o cansaço.Peguei minha bolsa, tranquei a sala e andei em silêncio pelos corredores frios. O elevador desceu devagar, como se até ele estivesse cansado do domingo. E quand
As palavras continuavam ali, cravadas na tela do meu celular, como se tivessem vida própria:"Confirmação de gravidez: Positivo."Segurei o aparelho com as duas mãos, os olhos marejando tão rápido que a tela começou a ficar embaçada. Pisquei várias vezes, tentando manter o foco, mas a emoção era maior. Escapava de dentro de mim como uma onda descontrolada.Chorei.Primeiro em silêncio. Um soluço abafado, quase incrédulo. E então veio o resto — o riso entrecortado pelas lágrimas, as mãos cobrindo a boca, o peito apertado de felicidade.Era real.Eu estava grávida.
Acordei com um sorriso no rosto, como se o próprio sol tivesse resolvido brilhar mais forte só porque hoje era o dia em que ele voltava. Max. Meu amor. Meu lar.O travesseiro ao meu lado ainda guardava o cheiro dele, e por um segundo, fechei os olhos e respirei fundo, abraçando aquele aroma como um carinho. Ele tinha me ligado todas as noites desde que viajou, me mandado vídeos curtos durante o dia só pra dizer que sentia minha falta. Mas nenhuma ligação, nenhuma mensagem, substituía tê-lo aqui, comigo, com as mãos grandes apertando minha cintura e o olhar intenso como se o mundo girasse ao meu redor.E hoje, finalmente, ele voltava.Estiquei os braços, sorrindo como uma boba apaixonada. E eu estava mesmo. Mais do que isso… eu estava
CharlotteA pilha de papéis nos meus braços era ridiculamente grande, quase um insulto pessoal. Maximilian Steele tinha feito isso de propósito, eu sabia. Ele sabia. Documentos do mês passado? Sério? Era só mais uma das formas dele de testar minha paciência. Como se não bastasse lidar com sua presença intimidadora e aquele olhar frio que me fazia sentir como uma funcionária dispensável, agora eu também tinha que carregar peso extra logo de manhã.Eu atravessava o lobby da Steele Medical Supplies, a empresa de vendas para hospitais onde eu trabalhava há anos, tentando equilibrar os documentos e o copo de café sem derramar nada. O som dos saltos ecoava pelo chão de mármore e, quando cheguei ao elevador, não precisei olhar para saber que alguns olhares estavam sobre mim. Todos conheciam Maximilian Steele. E todos sabiam que, de alguma forma, ele tinha um prazer sádico em me sobrecarregar.— Precisa de ajuda? — uma voz masculina perguntou.Olhei de lado e vi Daniel Reed, o melhor amigo de
Suspirei pesadamente e, antes que percebesse, já estava planejando formas sutis — e não tão sutis assim — de me vingar. Nada muito grave. Só o suficiente para que ele sentisse o peso do inferno que eu chamava de "meu humor ruim". Talvez trocar o açúcar do café dele por sal. Ou… quem sabe… adicionar algumas gotas de laxante?A ideia me fez sorrir. Imaginar Maximilian Steele, o todo-poderoso CEO, correndo para o banheiro no meio de uma reunião importante? Ah, isso era quase poético.— Charlotte Grant, você é um gênio.Mas, infelizmente, minha moral (e minha vontade de continuar empregada) ainda eram um obstáculo. Então, minha vingança teria que esperar.Pelo menos por enquanto.Com minha pequena vingança mental me dando um alívio temporário, finalmente cheguei ao restaurante. Escolhi uma mesa perto da janela e pedi um prato que não apenas me enchesse, mas também compensasse o estresse matinal.Enquanto esperava a comida, aproveitei para checar meu celular. Nenhuma mensagem importante, ex
A reunião começou de maneira tensa, como eu já imaginava. Richard Donovan entrou na sala com sua equipe, a postura arrogante de sempre, como se a qualquer momento ele fosse começar a dar ordens em vez de negociar. O homem exalava poder, mas também tinha algo de irritante que me fazia querer ignorá-lo a todo custo. Max estava no seu melhor comportamento corporativo, mas eu sabia que ele não gostava da forma como Donovan tratava as coisas, como se tudo fosse simples, como se ele estivesse no controle o tempo todo.Nos cumprimentamos, e a assistente de Donovan começou a falar sobre o plano de vendas. Eu estava prestando atenção, mas ao mesmo tempo me perguntava o que ele realmente queria, e o que Max achava que deveria ser feito para que isso fosse fechado da forma mais vantajosa possível. Claro, a resposta para isso eu já sabia. Maximilian não se contentava com qualquer coisa; ele precisava de detalhes, de uma análise minuciosa, de uma visão que fosse mais além do que só números e proje