A quinta começou com o frio mordendo as janelas estreitas da casa de proteção. Vivian acordou antes da chamada, o coração em galopes rápidos. Era dia de hospital, dia de ver Mariana. Passara noites ensaiando o que diria para a irmã, como esconder o peso de ser agora “testemunha”. Decidiu que não falaria. Mariana precisava de futuro, não de medo.
Aline entrou no quarto com a prancheta de rotas. — Dois carros, efeito espelho. Você vai no segundo, vidro escuro. Fique no meio do banco. Não olhe para fora. — A voz era calma, mas a rigidez não deixava brechas. — No hospital, tempo cronometrado. Dez minutos na sala de espera, depois consultório. Nenhuma saída do protocolo.
Vivian assentiu. Vestiu calça jeans simples, moletom cinza, cabelo preso. Olhou-se no espelho e pensou: “Scarlett não existe aqui.” Era quase um alívio.
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O trajeto correu como um filme sem trilha: ruas que ela não reconhecia, curvas repetidas para despistar, um carro que seguia atrás sendo testado até desistir. Quando c