A manhã começou como qualquer outra — até que não. Eduardo folheava um processo de rotina, um caso de transporte clandestino ligado a contratos “ambientais”, quando o olhar travou numa linha tímida, enterrada no meio de um rol de testemunhas secundárias: VIVIAN OLIVEIRA. O nome vibrou como se alguém tivesse batido o martelo no corredor do sonho. Viu neblina. Viu o sangue na camisa. Viu os dedos firmes de uma ruiva comprimindo sua artéria, voz baixa dizendo “fica”, como quem ordena a um coração que obedeça.
A caneta caiu e rolou até o pé da mesa. Letícia entrou com um maço de e-mails impressos e parou no ar, reconhecendo a alteração do clima. — Tudo certo, doutor?
— Um instante — disse ele, lendo de novo, como se a tipografia pudesse ter sido outra. Vivian Oliveira. Não era nome raro. Mas os ossos reconhecem o que a mente ainda nega.
Ele virou a página e procurou contexto. A “Vivian” constava como recepcionista de um laboratório de análises terceirizado, testemunha casual de uma entreg