Eduardo passou a manhã como quem arma uma casa contra vento: portas, trancas, janelas, registros. Às 8h12, protocolou o primeiro despacho pedindo preservação integral das imagens oficiais da recepção — com cadeia de custódia numerada, recibos em duplicata e ciência do Ministério Público. Às 8h37, assinou o ofício que solicitava auditoria discreta sobre contratos de “comunicação ambiental” e “segurança eventual”, citando os CNPJs que Henrique apontara. Às 9h05, enviou memorando interno para padronizar o armazenamento de mídias em casos sensíveis. Cada papel era um degrau, e degraus viram escadas quando bem fixados.
No bloco, escreveu: “Contramedida = luz antes da cortina.” Subinhou. Ao lado, desenhou três linhas paralelas — como cordas de piano. Letícia entrou silenciosa, deixando sobre a mesa um clipping de imprensa: manchetes insinuavam “juízes em eventos de elite” e “ética sob holofote”. Ele respirou, tomou um gole de café com gosto de ferro e disse apenas:
— Resposta: forma. Tudo o